Orixás são elementos da natureza. Quando cultuamos nossos orixãs, cultuamos também as forças elementares oriundas da água, da terra, do ar, do fogo. Essas forças em equilíbrio produzem uma enorme energia (o Axé) que nos auxilia em nosso cotidiano, tornando nosso destino cada vez mais favorável. Assim, quando dizemos que adoramos deuses, adoramos na verdade as forças da natureza, pertencentes à criação do Grande Pai, conhecido por nós como Olorum.
No Brasil, erroneamente, diz-se que Oxalá é o Pai maior. Na realidade, Oxalá é o mais velho e mais respeitado dos orixás, correspondendo no sincretismo cristão à Jesus Cristo. Olorum então corresponderia à idéia de Deus, uma vez que a maioria das nações africanas é anterior à Era Cristã, reconhecendo a figura de tal orixá como o Grande Criador. É importante observar que Olorum não se manifesta corporalmente, estando acima da vaidade pessoal e de religiões que buscam sempre monopolizar o seu poder.
Quase todos os orixás tiveram uma curta passagem pelo nosso mundo, protagonizando fatos heróicos ou divinos. Ao retornarem ao Orum (céu), nos deixaram segredos e ensinamentos, encurtando a ligação entre o material e o espiritual.
Do Século XVI até o final do XIX as Nações foram regidas pelos Orixás Xangô (deus do trovão, justiceiro) e Iansã (deusa do raio, guerreira), Rei e Rainha do povo Nagô. Em 1889, com o término da instituição dos Reis do Congo, foram fracionadas as antigas Nações Negras. Temendo uma possível união organizada entre elas, os “grandes senhores” deixaram os babalorixás (Pais-de-Santo) como líderes dos membros de suas respectivas Nações de Candomblé. Este acontecimento fez com que os babalorixás difundissem livremente os princípios de sua religião, marcando o início do domínio de vários Orixás (santos) nas Nações de Maracatu.
A influência das entidades africanas também pode ser sentida com intensidade nas calungas. Ainda na África, bonecas semelhantes, chamadas lungas, eram ligadas aos ritos de chamar chuva e fertilidade. Cada lunga vivia num determinado curso d’água, e era guardada por uma linhagem, cujo chefe conhecia o segredo da comunicação com o axé (forças espirituais) que a boneca continha. Essa linhagem sobrepunha-se às demais e seu líder possuía autoridade territorial sobre toda a área banhada pelo rio onde morava a lunga. Até os nossos dias a calunga faz parte do ritual do maracatu, encarnando a força dos antepassados do grupo. Em sua honra são cantadas, ainda dentro da sede, as primeiras toadas.