Mestre Chacon Viana

JAILSON VIANA CHACON

Mestremaracatu

Mestre Shacon / Mestre Chacon

Mestre Chacon é filho da Rainha da Nação do Maracatu Porto, dona Elda Viana e, desde criança, esteve presente nas atividades religiosas e culturais desenvolvidas pela nação, vivendo diariamente e construindo aí o seu grande aprendizado da religiosidade afro brasileira, da música e dos fundamentos do maracatu de baque virado. .

Coordenador geral no resgate cultural da Noite do Dendê que hoje é calendário do estado de Pernambuco no grande intercâmbio, no grande dialogo que a cultura popular produz.

É sacerdote do Ylê Axé Oxosse Guangobira

FORMAÇÃO
2012 – Especialização em Religião de Matrizes Africana na UNICAP – Universidade Católica de Pernambuco –
2009 – Gestão de Contratos Administrativos ( Tribunal de Contas – PE )
2009 – Curso em Administração de Empresa ( URB-RECIFE )
2005 – Programa Multicultural – Curso de Especialização e Extensão Cultural na UFPE (MINC)
2004 – OCIP – Curso de Preparação no Terceiro Setor (FUNDAJ-PE);
2001 – Nível Superior em Historia na Universo – Universidade Salgado de Oliveira – PE

 

Reencontre2

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
– Funcionário público da URB – Empresa de Urbanização do Recife.
– Músico – atuando como compositor, cantor, instrumentista e professor.
– Produtor e Empreendedor Cultural.


EXPERIÊNCIA ARTISTICA
Em 1987 torna-se Diretor de Batuque (Contra-Mestre) da Nação do Maracatu Porto Rico e em 1999 chega a Mestre do Batuque  [Mestre do Apito] liderando a viagem com a Nação Porto Rico para a Itália, Bélgica, Espanha, França e Alemanha onde ministrou oficinas de maracatu de baque virado a grupos de percussão de Berlim e Colônia. No ano 2000 assume inteiramente o mestrado da nação.

cd-porto-rico-298x300Em 2002 produziu o CD No Baque das Onda do Maracatu Nação Porto Rico, com o apoio do SIC-PE

Em 2002 participou do Mercado Cultural e Conferência Nacional de Cultura (SP).

2003

Oficinas e palestras : A partir de 2003 intensifica suas atividades com oficinas e palestras no Recife e em estados do Brasil.
* São Paulo no Lar do Ícaro, Casa da Cultura e Festival de Percussão de Maracatu em Itu, SP; Rio de Janeiro na Fundição e Rio Maracatu / Brasília na UFDF- universidade federal do Distrito Federal.

2004 Shacon2

Começa a pesquisar a trajetória da Nação nos seus aspectos históricos. Passa a conceber e desenvolver uma metodologia de ensino do maracatu, tanto da musica, quanto dos fundamentos, englobando aí os aspectos da religiosidade do candomblé e do compromisso dos grupos com as nações.
Oficinas e palestras :
cartazweb* Palestra durante o Congresso sobre Cultos Afro-pernambucano (SESC-PE) e do Fórum sobre Cultura nas Universidades Rural e Federal de Pernambuco.
* Junho e Outubro – São Paulo, SP e Itu, SP no Festival Encontros em Itu
* Em 23 de outubro esteve à frente do Maracatu Porto Rico na inauguração do Museu de Cultura Afro da cidade de São Paulo, SP. A cerimônia de abertura contou com a presença do Ministro da Cultura, Gilberto Gil e o Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva. Mestre Shacon também ministrou oficinas para os grupos como parte do evento de inauguração. O museu fica localizado no Parque Ibirapuera.
* Participou, liderando um grupo de batuqueiros, do encerramento do Festival de Arte de Aracaju, SE, com Naná Vasconcelos e do “Festival Rec Beat”.
* Fez parte da pesquisa que resultou no livro Batuque Book, de Climério de Oliveira e Tarcísio Resende, um songbook do maracatu de baque virado e baque solto.BatuqueBook

2005

Após ter tocado na França em agosto a Nação do Maracatu Porto Rico tendo à frente mestre Shacon seguiu viagens por duas capitais brasileiras, além de apresentações no estado de Pernambuco
Novembro – São Paulo, SP – Homenagem a Noite dos Tambores Silenciosos – Parque do Ibirapuera

20 de Novembro em Olinda – Dia da Consciência Negra

Dezembro – Aracajú, SE – Festa de São Cristovão

Participa do Festival Brasil-França em Paris, com 20 integrantes, representando a cultura afro-pernambucana e em Recife, na Festa na Arcádia, no bairro de Casa Forte.
Participação à frente do Maracatu Porto Rico do Projeto do Livro e DVD Batuque Book- Maracatu do Recife e no lançamento do livro no Museu do Forte das Cinco Ponta. A Nação Porto Rico é uma das 3 nações de maracatu de baque virado pesquisada nesse livro.
Oficinas e palestras :
* Março, Jaboatão, PE, GAMR, oficina abordando a história do Maracatu e seus principais toques.

Shacon32006


Produção Artística
Produtor artístico do grupo
Mazuca da Quixaba.

Produção geral em percussão do CD do grupo Andaluza.
Oficinas e palestras :
Turnê pelos estados de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
Outras atividades artísticas
Participação especial no cd do grupo Sagrama
Participação no cd do Mc Dolores.

2007

Oficinas e palestras :
Julho e Agosto turnê no Sul e Sudeste do pais.

2008 

Oficinas e palestras :
Oficinas no primeiro encontro de grupos de Maracatu da Europa, realizado em Nantes, com 215 batuqueiro de grupos 07 países da Europa.
http://www.maracatucolonia.de/PT/?Nantes08

Oficinas de Maracatu de baque virado em São Paulo, SP, no Bloco de Pedra, e em Curitiba, PR.

2010

Produção Artística:
Produtor musical do CD A pisada é essa do Grupo Mazuca da Quixaba com patrocínio da FUNCULTURA.
Oficinas e palestras :
Em julho de 2010 em Paris na França ministrou do segundo Encontro de Maracatu da Europa onde participaram 380 batuqueiros de grupos pertencentes a nove países da Europa.
Oficinas no Sul e Sudeste do Brasil.

2011

Oficinas e palestras :
* Agosto – turnê no Sul e Sudeste do Pais com o Projeto na Gira com o Mestre
* Em Santos participa do 1º Encontro de Maracatu de Santos – SP (19/08/2011) com integrantes do sul e sudoeste que fazem parte da Nação do Maracatu Porto Rico.

Produção Artística
Em Setembro – produtor da II Noite do Dendê, no Recife, PE. O evento reúne diversos grupos de Cultura Popular em mais de 10 horas de apresentações.

E’o Mestre da Nação do  Maracatu  Porto Rico – vídeos do desfile oficial
o Maracatu Porto Rico é o Campeão do carnaval 2011

http://www.youtube.com/watch?v=gzjpDPZ5bAwchacon

2012

Produção Artística
de Setembro – produtor da III Noite do Dendê, no Recife, PE. O evento reúne diversos grupos de Cultura Popular em mais de 10 horas de apresentações.
http://www.youtube.com/watch?v=j6PeT9gHU3M
http://www.youtube.com/watch?v=rySCcevV0d8
http://www.youtube.com/watch?v=N4a4V_wtiWE
http://www.youtube.com/watch?v=K4uPZkseeww

Oficinas e palestras :
Turnês no Sul e Sudeste do País nos Meses de Outubro e Novembro, palestras nas UNICAMP- SP, SESC – SP – Santos.
Mestre do Maracatu Nação Porto Rico – vídeos do desfile oficial
http://www.youtube.com/watch?v=riMuycFDET4
http://www.youtube.com/watch?v=CZpesklYoXI

 

2013

LenineDinaElda2013

Visita de Lenina na sede da Nação Porto Rico. Na foto o cantor está junto de dona Elda Viana e mestre Shacon

Produção Artística
No carnaval de 2013 participou à frente da Nação do maracatu Porto Rico no show do cantor Lenine que já foi batuqueiro desta nação.

3 de agosto – participação na gravação e no show de lançamento do DVD AXÉMUSIC de Claudia Leitte na Arena PE à frente da Nação Porto Rico e produtor de uma das faixas do DVD
http://www.youtube.com/watch?v=IgNQmn2HXeA
http://blogs.ne10.uol.com.br/social1/2013/07/01/maracatu-porto-rico-no-dvd-de-claudia-leitte/
http://www.youtube.com/watch?v=MkIo-1koPxw
28 de Setembro – coordenador produtor da IV Noite do Dendê, no Recife, PE. O evento reúne diversos grupos de Cultura Popular em mais de 10 horas de apresentações.
http://www.youtube.com/watch?v=IgNQmn2HXeA
http://www.youtube.com/watch?v=w7vmDqEzh8c
http://www.youtube.com/watch?v=lrTQ3tpOWIE
http://www.youtube.com/watch?v=Ww0dr7mw9W4
http://www.youtube.com/watch?v=vpGgli5TH0M
Produtor artístico do CD Mãe Rainha da Nação Porto Rico, a ser lançado em 2014.
Oficinas e palestras :
27 a 30 de novembro em CAMPINAS, SP – promoção do grupo Maracatucá, na Casa de Cultura Tainã.
21 a 24 de novembro em SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP, durante o V FESTIVAL PERCUSSIVO – participação como palestrande, professor e instrumentista no grupo Mazuca da Quixaba.
http://festivalpercussivorp.blogspot.com.br
http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Divirtase/Eventos+Shows/160746,,Festival+Percussivo+celebra+a+nossa+cultura.aspx
20 de novembro em RIBEIRÃO PRETO, SP – participação como palestrante no evento “Afoxé e Maracatu: Cultura e Ancestralidade” no dia 20 de novembro de 2013 no Centro Cultural Orùnmila. Uma realização do Maracatu Navegante em parceria com o Sibipiruna – Pontão de Cultura de Ribeirão Preto.
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.230990403741471.1073741845.158722324301613&type=1
15 de outubro – Palestra e oficina em Recife, PE, durante o IV IRSA – International Rhythmic Studies Association realizado no Conservatório de Musica de Pernambuco
10 e 11 de agosto, Oficinas e palestra em Paraty, RJ, durante os festejos de aniversário do grupo Palmeira Imperial.
5 de maio em SANTOS, SP , no evento “Encontro com os Mestres” realizado no SESC com promoção do grupo Quiloa.
Janeiro em Arcoverde, PE e junho em Floresta, PE.
Durante todo o ano ministra oficinas de instrumentos e baque aos sábados na sede do Maracatu Porto Rico, em Recife, PE.

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Produção Artística
Setembro – coordenador produtor da V Noite do Dendê, no Recife, PE. O evento comemorou os 100 anos de Dendê da Nação do Maracatu Porto Rico; é um grande evento que reúne diversos grupos de Cultura Popular em mais de 10 horas de apresentações na rua em frente à sede do Ponto de Cultura Porto Rico.

Agosto – Realizou uma grande viagem para o sul/sudoeste com o grupo Mazuca da Quixaba que se apresentou em:
Dia 10, Aniversário do Palmeira Imperial Paraty, RJ
Dia 17 no SESC de São Carlos, SP
Dia 15 em Curitiba, PR
Dia 16 no SESC de Santos, SP https://www.facebook.com/video.php?v=767137303332295
Dia 24, Festa da Pinga Paraty, RJ http://youtu.be/hWadMb5PsKg
Florianópolis

Oficinas e palestras :
Agosto – Arrasto, oficinas e palestra em Paraty, RJ – parte dos festejos de aniversário do grupo Palmeira Imperial -, Florianópolis, Rio de Janeiro (grupos Rio Maracatu e Bloco O Passo)
Divulgação da Oficinas
Oficina das Nações de Maracatu Porto Rico e Encanto do Pina em Florianópolis.

                  http://www.evento.br.com/eventos-arquivo/166436/oficina-das-nacoes-de-maracatu-porto-rico-e-encanto-do-pina
                  https://www.facebook.com/video.php?v=886594441368519
Grupo Maracatu Palmeira Imperial comemora sete anos
http://radios.ebc.com.br/redacao-nacional/edicao/2014-08/maracatu-palmeira-imperial-de-paraty-comemora-07-anos-de-vida
https://www.facebook.com/video.php?v=701852843222864
https://www.facebook.com/video.php?v=465403996932836
https://www.facebook.com/video.php?v=465385220268047
https://www.youtube.com/watch?v=Lw168qUOesA

Outras atividades artísticasfinal do desfile2014

Mestre Shacon é reconhecido como um Mestre da Cultura Popular e tem atuado como orientador musical, cultural e religioso de vários grupos do sul e sudeste do país.

Desde 2010 faz parte da comissão de Idealização da Abertura do Carnaval de Recife.
Idealizador do projeto da Passarela das Agremiações para o carnaval 2014, da Cidade do Recife-PE.
Desde 2001 participa ativamente da Abertura Oficial do carnaval no palco do Marco Zero de Recife tendo o percussionista Nana Vasconcelos na liderança do evento. Algumas de suas composições como Saudações aos Orixás e Sou Negro foram executadas nesses eventos por todas as nações e convidados
http://www.youtube.com/watch?v=6T3YLPcT9do
http://www.youtube.com/watch?v=2-cyXSubgmc
É percussionista e diretor musical do grupo Mazuca da Quixaba.

Atualmente trabalha em um projeto com músicos do Rio de Janeiro formando uma orquestra de Ylú, instrumento principal do Xangô pernambucano, mas desconhecido no sul. O grupo tem se encontrado na Fundição Progresso, na Lapa, RJ.
Participação em todas as apresentações como Mestre do apito (mestre do batuque) e cantor à frente da Nação do Maracatu Porto Rico do qual participa desde menino.

 

IMG_0415Foto antiga

Ache seu mestre!!

 

****** Na Gira com o Mestre******

Propostas para as oficinas de mestre Shacon Viana em 2011

Com Shacon Viana, mestre do Maracatu Nação Porto Rico

Depoimentos de sua história real – vivida e ouvida – contada por quem na viveu e vive essa manifestação cultural afrobrasileira junto com vídeos e em diálogo com o público baseado no livro “ Do religioso ao profano”, de mestre Shacon Viana.

Através da história oral do maracatu de baque virado, particularmente do Maracatu Nação Porto Rico, vamos conhecer seus fundamentos, história e religiosidade, a fundamentação de uma nação com os grupos que tocam seu repertório, a importância da nação para os grupos e dos grupos para a nação.

Duração – 3 horas Público alvo – aberta à população –

Oficina de Baques de Porto Rico – duração – 3 horas. ( A Oficina de Baques pode ser também dividida entre iniciantes e avançados).

O ideal seria que todo grupo tivesse as duas atividades,  entender a música de Porto Rico (loas, baques, virações, convenções), mas também seus fundamentos e o relacionamento que está sendo criado entre a nação e os vários grupos que estudam sua música.

E- mail do Mestre: jshacon@hotmail.com

entrevista com MESTRE SHACON VIANA

“As nações são as nações, tudo o mais, desde que haja respeito,
vem para reforçar o que a gente faz, dar força”

Como era o maracatu antigamente?

No maracatu antigamente era tudo muito pobre. Fazer maracatu era assinar atestado de pobreza. Era visto como coisa do mal, de “macumbeiros”, havia muita discriminação. Andávamos a pé, passamos fome, sede, ninguém queria dizer que era batuqueiro. Tinha o desprezo da sociedade, do poder público, de todo mundo. Hoje a situação é diferente, tem maracatu aí que é só gringo tocando no Carnaval.

Na Nação Porto Rico tem muitos de fora?

Na Nação 90% dos batuqueiros é nativo, da comunidade, e 70% ligado à questão religiosa.

Como conheceu o maracatu?

Quando tinha sete anos. Minha mãe, Dona Elda, me levava junto na casa de seu avô de santo Eudes, que estava lhe ensinando o conhecimento do Ifá (Jogo de Búzios). Era depois da escola, nos finais de tarde. Eudes falava sobre o maracatu e eu já criança, ouvia atento. Minha mãe começou a sair de baiana e eu de índio. Os irmãos de lanceiro e outros personagens, todos envolvidos desde cedo. Apesar de ser novo –tenho 38 anos, sou o segundo mestre com mais tempo de maracatu na atividade (atrás apenas de Mestre Toinho – Encanto da Alegria), já são 31 anos de estrada.

Quais as conquistas da Porto Rico?

Desde 1980, quando passou para as mãos de Mãe Elda, a Nação Porto Rico perdeu três vezes no Carnaval e empatou duas.

O que é maracatu?

Maracatu é religião, é vida, comunidade, força, conjunto. Tudo que não se consegue ver, só sentir.

Como você define a música da Nação?

O baque de Porto Rico é chamado Baque das Ondas, pela forma cadenciada que lembra as batidas das ondas do mar. É a única nação que utiliza os atabaques. Já fui muito criticado por isso, mas os pesquisadores afirmam que o tambor de mão era um instrumento presente no maracatu antigamente. A grande antropóloga Katarina Real, Guerra Peixe e Leonardo Dantas, relatam que no maracatu eram utilizados instrumentos afunilados tocados com a mão ou baqueta. Também triângulos, alfaias, zambumbas e a corneta de flandre. O nosso baque tem bastantes variações e toques dos orixás. As toadas falam muito sobre a religião.

Como você define Nação?

É a força maior que rege a religião. Na visão da Nação Porto Rico não se separa o candomblé do maracatu, andam no mesmo sentido, respiram o mesmo ar. Os ogans do terreiro são os batuqueiros do maracatu, os batuqueiros do maracatu trabalham dentro do terreiro, é tudo próximo, tudo junto. Nas outras nações costuma-se fazer a separação: profano é o maracatu, religioso a nação. Na Porto Rico não existe essa separação.

Pelas toadas se percebe, se fala muito sobre os orixás. Dona Ivanise (fundadora da Nação Encanto da Alegria) falava muito isso, que o maracatu era a religião dela. E não tem mesmo como separar.

Como você enxerga a responsabilidade do apito?

O mestre de apito tem a mesma responsabilidade que um ogan alagbê, tem que ter muito conhecimento, e compromisso sobre o que vai ser cantado, tocado. Tem a mesma responsabilidade que uma rainha num cortejo, com a diferença de que nem todos os mestres têm compromisso religioso.

E a pesquisa dos grupos, as influências?

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=q2mjHFr1dD0[/youtube]

(Ensaio da viração Bloco de Pedra,SP. – Porto Rico  com Rumenigui e Daivdson)

A base para estudar o maracatu é o respeito. É preciso muito conhecimento sobre o que se está fazendo. Vocês aí não são Nação, mas estão representando elas, por isso a responsabilidade é muito grande. Os grupos que estudam têm que fazer muita pesquisa, buscar com os mestres, na fonte, porque a tradição oral é o mais valioso nessa cultura. Livros ajudam, mas ficam defasados e não reproduzem totalmente a realidade do que é o maracatu. Conhecer cada nação, seus conceitos, e a questão religiosa é fundamental para um grupo que tem responsabilidade. O conhecimento do candomblé é essencial. Independente de ser de outra religião, tem que saber o que está fazendo. Porque qualquer dia alguém bota um microfone na sua boca e te pergunta o que é maracatu, você vai dizer o quê? Se souber o fundamento vão ver que não é simplesmente uma branquinha, universitária, que toca tambor porque acha bonitinho. Vão ver que você sabe o que está fazendo, que tem responsabilidade, que honra o maracatu.

Você tem mais algum conselho para os grupos?

Nunca utilizar o nome “Nação”, é algo que envolve muito axé, soa como um desrespeito à origem. Também não se deve achar que as nações são como times de futebol: o maracatu é um só. Você pode gostar mais de uma nação, ou de outra, mas deve respeito a todas.

E sobre as influências do maracatu na música, como fez o Nação Zumbi, o que você acha?

Eu acho legal, desde que se tenha consciência, não tenho nada contra, é arte, é música, as nações são as nações, tudo o mais, desde que haja respeito, vem para reforçar o que a gente faz, dar força.

*******************************************

Gravação da entrevista com mestre Chacon da Nação Porto Rico, projeto História e Memória dos Maracatus Nação de Pernambuco, financiado pelo FUNCULTURA e executado no Laboratório de História Oral e da Imagem da UFPE (LAHOI). O mestre explica e toca os baques tradicionais, mostra a origem do Luanda a partir do toque para Xango,  fala  da história e das possibilidades do maracatu de baque virado como resistência cultural em nossa época regida pelo mercado.

https://www.youtube.com/watch?v=BLIkxN2xSFc

 

Gravação do Maracatu Porto Rico, projeto Inventário Sonoro dos Maracatus Nação de Pernambuco, financiado pelo FUNCULTURA e executado no Laboratório de História Oral e da Imagem da UFPE (LAHOI).

http://www.youtube.com/watch?v=q0V_Rq-0xNA

 

entrevista com MESTRE SHACON VIANA

“As nações são as nações, tudo o mais, desde que haja respeito, vem para reforçar o que a gente faz, dar força”

Filho da Yalorixá (sacerdotisa da Macaia Ylê do Oxossi Guangobira) e Rainha do Maracatu Nação Porto Rico, Dona Elda Viana, desde criança Mestre Chacon esteve presente nas atividades religiosas e culturais desenvolvidas dentro da Nação, vivendo diariamente o “aprendizado”.

Como era o maracatu antigamente?

No maracatu antigamente era tudo muito pobre. Fazer maracatu era assinar atestado de pobreza. Era visto como coisa do mal, de “macumbeiros”, havia muita discriminação. Andávamos a pé, passamos fome, sede, ninguém queria dizer que era batuqueiro. Tinha o desprezo da sociedade, do poder público, de todo mundo. Hoje a situação é diferente, tem maracatu aí que é só gringo tocando no Carnaval.

Na Nação Porto Rico tem muitos de fora?

Na Nação 90% dos batuqueiros é nativo, da comunidade, e 70% ligado à questão religiosa.

Como conheceu o maracatu?

Quando tinha sete anos. Minha mãe, Dona Elda, me levava junto na casa de seu avô de santo Eudes, que estava lhe ensinando o conhecimento do Ifá (Jogo de Búzios). Era depois da escola, nos finais de tarde. Eudes falava sobre o maracatu e eu já criança, ouvia atento. Minha mãe começou a sair de baiana e eu de índio. Os irmãos de lanceiro e outros personagens, todos envolvidos desde cedo. Apesar de ser novo –tenho 38 anos, sou o segundo mestre com mais tempo de maracatu na atividade (atrás apenas de Mestre Toinho – Encanto da Alegria), já são 31 anos de estrada.

Quais as conquistas da Porto Rico?

Desde 1980, quando passou para as mãos de Mãe Elda, a Nação Porto Rico perdeu três vezes no Carnaval e empatou duas.

O que é maracatu?

Maracatu é religião, é vida, comunidade, força, conjunto. Tudo que não se consegue ver, só sentir.

Como você define a música da Nação?

O baque de Porto Rico é chamado Baque das Ondas, pela forma cadenciada que lembra as batidas das ondas do mar. É a única nação que utiliza os atabaques. Já fui muito criticado por isso, mas os pesquisadores afirmam que o tambor de mão era um instrumento presente no maracatu antigamente. A grande antropóloga Katarina Real, Guerra Peixe e Leonardo Dantas, relatam que no maracatu eram utilizados instrumentos afunilados tocados com a mão ou baqueta. Também triângulos, alfaias, zambumbas e a corneta de flandre. O nosso baque tem bastantes variações e toques dos orixás. As toadas falam muito sobre a religião.

Como você define Nação?

É a força maior que rege a religião. Na visão da Nação Porto Rico não se separa o candomblé do maracatu, andam no mesmo sentido, respiram o mesmo ar. Os ogans do terreiro são os batuqueiros do maracatu, os batuqueiros do maracatu trabalham dentro do terreiro, é tudo próximo, tudo junto. Nas outras nações costuma-se fazer a separação: profano é o maracatu, religioso a nação. Na Porto Rico não existe essa separação.

Pelas toadas se percebe, se fala muito sobre os orixás. Dona Ivanise (fundadora da Nação Encanto da Alegria) falava muito isso, que o maracatu era a religião dela. E não tem mesmo como separar.

Como você enxerga a responsabilidade do apito?

O mestre de apito tem a mesma responsabilidade que um ogan alagbê, tem que ter muito conhecimento, e compromisso sobre o que vai ser cantado, tocado. Tem a mesma responsabilidade que uma rainha num cortejo, com a diferença de que nem todos os mestres têm compromisso religioso.

E a pesquisa dos grupos, as influências?

A base para estudar o maracatu é o respeito. É preciso muito conhecimento sobre o que se está fazendo. Vocês aí não são Nação, mas estão representando elas, por isso a responsabilidade é muito grande. Os grupos que estudam têm que fazer muita pesquisa, buscar com os mestres, na fonte, porque a tradição oral é o mais valioso nessa cultura. Livros ajudam, mas ficam defasados e não reproduzem totalmente a realidade do que é o maracatu. Conhecer cada nação, seus conceitos, e a questão religiosa é fundamental para um grupo que tem responsabilidade. O conhecimento do candomblé é essencial. Independente de ser de outra religião, tem que saber o que está fazendo. Porque qualquer dia alguém bota um microfone na sua boca e te pergunta o que é maracatu, você vai dizer o quê? Se souber o fundamento vão ver que não é simplesmente uma branquinha, universitária, que toca tambor porque acha bonitinho. Vão ver que você sabe o que está fazendo, que tem responsabilidade, que honra o maracatu.

Você tem mais algum conselho para os grupos?

Nunca utilizar o nome “Nação”, é algo que envolve muito axé, soa como um desrespeito à or

entrevista com MESTRE SHACON VIANA

“As nações são as nações, tudo o mais, desde que haja respeito, vem para reforçar o que a gente faz, dar força”

Filho da Yalorixá (sacerdotisa da Macaia Ylê do Oxossi Guangobira) e Rainha do Maracatu Nação Porto Rico, Dona Elda Viana, desde criança Mestre Chacon esteve presente nas atividades religiosas e culturais desenvolvidas dentro da Nação, vivendo diariamente o “aprendizado”.

Como era o maracatu antigamente?

No maracatu antigamente era tudo muito pobre. Fazer maracatu era assinar atestado de pobreza. Era visto como coisa do mal, de “macumbeiros”, havia muita discriminação. Andávamos a pé, passamos fome, sede, ninguém queria dizer que era batuqueiro. Tinha o desprezo da sociedade, do poder público, de todo mundo. Hoje a situação é diferente, tem maracatu aí que é só gringo tocando no Carnaval.

Na Nação Porto Rico tem muitos de fora?

Na Nação 90% dos batuqueiros é nativo, da comunidade, e 70% ligado à questão religiosa.

Como conheceu o maracatu?

Quando tinha sete anos. Minha mãe, Dona Elda, me levava junto na casa de seu avô de santo Eudes, que estava lhe ensinando o conhecimento do Ifá (Jogo de Búzios). Era depois da escola, nos finais de tarde. Eudes falava sobre o maracatu e eu já criança, ouvia atento. Minha mãe começou a sair de baiana e eu de índio. Os irmãos de lanceiro e outros personagens, todos envolvidos desde cedo. Apesar de ser novo –tenho 38 anos, sou o segundo mestre com mais tempo de maracatu na atividade (atrás apenas de Mestre Toinho – Encanto da Alegria), já são 31 anos de estrada.

Quais as conquistas da Porto Rico?

Desde 1980, quando passou para as mãos de Mãe Elda, a Nação Porto Rico perdeu três vezes no Carnaval e empatou duas.

O que é maracatu?

Maracatu é religião, é vida, comunidade, força, conjunto. Tudo que não se consegue ver, só sentir.

Como você define a música da Nação?

O baque de Porto Rico é chamado Baque das Ondas, pela forma cadenciada que lembra as batidas das ondas do mar. É a única nação que utiliza os atabaques. Já fui muito criticado por isso, mas os pesquisadores afirmam que o tambor de mão era um instrumento presente no maracatu antigamente. A grande antropóloga Katarina Real, Guerra Peixe e Leonardo Dantas, relatam que no maracatu eram utilizados instrumentos afunilados tocados com a mão ou baqueta. Também triângulos, alfaias, zambumbas e a corneta de flandre. O nosso baque tem bastantes variações e toques dos orixás. As toadas falam muito sobre a religião.

Como você define Nação?

É a força maior que rege a religião. Na visão da Nação Porto Rico não se separa o candomblé do maracatu, andam no mesmo sentido, respiram o mesmo ar. Os ogans do terreiro são os batuqueiros do maracatu, os batuqueiros do maracatu trabalham dentro do terreiro, é tudo próximo, tudo junto. Nas outras nações costuma-se fazer a separação: profano é o maracatu, religioso a nação. Na Porto Rico não existe essa separação.

Pelas toadas se percebe, se fala muito sobre os orixás. Dona Ivanise (fundadora da Nação Encanto da Alegria) falava muito isso, que o maracatu era a religião dela. E não tem mesmo como separar.

Como você enxerga a responsabilidade do apito?

O mestre de apito tem a mesma responsabilidade que um ogan alagbê, tem que ter muito conhecimento, e compromisso sobre o que vai ser cantado, tocado. Tem a mesma responsabilidade que uma rainha num cortejo, com a diferença de que nem todos os mestres têm compromisso religioso.

E a pesquisa dos grupos, as influências?

A base para estudar o maracatu é o respeito. É preciso muito conhecimento sobre o que se está fazendo. Vocês aí não são Nação, mas estão representando elas, por isso a responsabilidade é muito grande. Os grupos que estudam têm que fazer muita pesquisa, buscar com os mestres, na fonte, porque a tradição oral é o mais valioso nessa cultura. Livros ajudam, mas ficam defasados e não reproduzem totalmente a realidade do que é o maracatu. Conhecer cada nação, seus conceitos, e a questão religiosa é fundamental para um grupo que tem responsabilidade. O conhecimento do candomblé é essencial. Independente de ser de outra religião, tem que saber o que está fazendo. Porque qualquer dia alguém bota um microfone na sua boca e te pergunta o que é maracatu, você vai dizer o quê? Se souber o fundamento vão ver que não é simplesmente uma branquinha, universitária, que toca tambor porque acha bonitinho. Vão ver que você sabe o que está fazendo, que tem responsabilidade, que honra o maracatu.

Você tem mais algum conselho para os grupos?

Nunca utilizar o nome “Nação”, é algo que envolve muito axé, soa como um desrespeito à origem. Também não se deve achar que as nações são como times de futebol: o maracatu é um só. Você pode gostar mais de uma nação, ou de outra, mas deve respeito a todas.

E sobre as influências do maracatu na música, como fez o Nação Zumbi, o que você acha?

Eu acho legal, desde que se tenha consciência, não tenho nada contra, é arte, é música, as nações são as nações, tudo o mais, desde que haja respeito, vem para reforçar o que a gente faz, dar força.

igem. Também não se deve achar que as nações são como times de futebol: o maracatu é um só. Você pode gostar mais de uma nação, ou de outra, mas deve respeito a todas.

E sobre as influências do maracatu na música, como fez o Nação Zumbi, o que você acha?

Eu acho legal, desde que se tenha consciência, não tenho nada contra, é arte, é música, as nações são as nações, tudo o mais, desde que haja respeito, vem para reforçar o que a gente faz, dar força.

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Uma resposta para Mestre Chacon Viana

  1. Me emocionei com esta entrevista rica de. conheumento e sabedoria muiti Axe meu mestre Shacom e sua. mae rainha Elda e seus batuqueiros famulia linda.

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