Data de fundação: 7 de setembro de 1916
Rainha e Yalorixá: Elda Viana
Calungas: Dona Inês, Dona Bela, Dona Júlia e a Princesa Elisabeth.
Símbolo: O Caravela de Santa Maria
Mestre e Babalorixá: Chacon Viana (Jailson Chacon Viana).
Instrumentos: Alfaias: (melê, biancó, yan, e yandarrum), caixa, tarol, mineiro, agbê, gonguê, Atabaque, Ylú.
Nação: É o que chamamos de sagrado, que está ligado ao Candomblé, mais conhecido em Pernambuco como Xangô, onde estão resguardados todos os segredos, práticas e rituais que envolvem a tradição e culto aos Orixás.
MARACATU: O Maracatu de Baque Virado é um candomblé na rua, festa onde todos podem participar, ligada diretamente ou não a religião, sendo assim uma manifestação tradicional brasileira, que hoje é aberta a quem tiver interesse de participar. Maracatu Nação é um ente cultural único no Brasil e no Mundo, que surgiu em Pernambuco graças ao encontro entre diferente Nações africanas que aqui se “ entrelaçaram”.
“Maracatu é uma brincadeira séria, mas a brincadeira não aparece pois só tem seriedade”.
“Mestre Chacon”
Breve Histórico da Nação do Maracatu Porto Rico
A Nação do Maracatu Porto Rico, depois de seu centenário em 2016, comemora 52 anos na mesma comunidade no bairro do Pina, Recife – PE. Esse fato merece grande celebração. Segundo Guerra-Peixe a data de fundação do grupo é 7 de setembro de 1916, no sitio de Palmeirinha, na cidade de Palmares/PE sob a liderança de João Francisco de Itá.
Chico de Itá foi rei da nação e remanescente do Quilombo dos Palmares e a rainha citada na ata é Maria dos Prazeres. Pereira da Costa publica uma nota em um jornal recifense, de 1914, uma informação que contradiz essa data de fundação: “Fez ontem seu dendê em frente a nossa tenda de trabalho o velho Maracatu Porto Rico”
Dessa forma, segundo Pereira da Costa, Porto Rico já era um maracatu 2 anos antes de nascer. Guerra Peixe conclui que essa fundação é apenas uma nova fase de uma agremiação que já existia.
Por falta de incentivo, a Nação entrou em declínio, reaparecendo sob a tutela de Zé da Ferida, em Recife, no bairro de Água Fria, com o apoio de Pereira da Costa e da COC (Comissao Organizadora do Carnaval). Zé da Ferida também era remanescente do Quilombo dos Palmares, segundo Guerra-Peixe, e participava do grupo homônimo de lá. É ainda no livro deste autor que encontramos que lá eram usados ‘mulungus”, instrumentos semelhantes ao atabaque resgatados anos mais tarde pelo mestre Chacon.
Porem existem registros da Nação por volta de 1889 em uma confusão generalizada com a policia da época na praça do diário, com relatos em documentos micro filmados do acervo do jornal Diário de Pernambuco.
EUDES CHAGAS COM SUA ESPADA
FORÇA E CORAGEM E DEDICAÇAO
SALVE O REI SALVE OGUM
O PATRONO DESSA NAÇÃO.
Para conhecer mais sobre Eudes Chagas:
“José Eudes Chagas, conhecido como o Rei do Maracatu, nasceu na cidade de Olinda, Pernambuco, em 1921. Mudou-se para o Recife ainda criança, indo morar de início no bairro de Água Fria e posteriormente no bairro do Pina, onde tinha um terreiro de xangô, exercendo o sacerdócio até sua morte em 1978.”
“Eudes fundou a Troça Rei dos Ciganos, que era um maracatu disfarçado, pois o candomblé nesta época era perseguido pela igreja católica e pelo governo, essa foi a maneira de resistir cultuar aos antepassados. Quando por fim o Seu Eudes resgatou do museu o Maracatu Porto Rico e acrescentou a palavra do Oriente, um grande número de pessoas quis continuar com a Troça, que continuou existindo após a retirada da agremiação adormecida.
O Maracatu Porto Rico do Oriente ressurgiu no dia 26 de março de 1967, com sede no bairro do Pina e a coroação de Eudes como seu rei ocorreu no dia 10 de dezembro de 1967, na Casa 41, do Pátio do Terço, sendo presidida pelo bispo da Igreja Católica Brasileira Dom Isaac.
Eudes atuou como rei, babalorixá e diretor do Porto Rico do Oriente de 1967 até 1978.
Era muito estimado por sua generosidade, sempre oferecendo ajuda para dezenas de afilhados e pessoas necessitadas, assim como às pessoas que lhe procuravam para rituais e consultas no seu terreiro. Era solidário também com outros grupos carnavalescos, mesmo os possíveis rivais. Treinou o maracatu estudantil Rei do Congo, mesmo estando com problemas de saúde após sofrer um derrame cerebral.
José Eudes Chagas, o Rei do Maracatu Porto Rico do Oriente, morreu no Recife, em 15 de dezembro de 1978.”
[GASPAR, Lúcia. Eudes Chagas. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>]
Acrescentamos um pouco mais a história deste que foi o principal Rei, e desta vez colhido por relatos orais contados pela rainha Elda ao mestre Chacon onde o mesmo relata que Eudes Chagas tinha como orixá regente Ogum Taió foi Avô de Santo da atual matriarca da nação, seu Eudes foi filho de santo da grande Maria Júlia do Nascimento, Dona Santa.(Rainha do maracatu Elefante) Irmão de santo do Seu Luís de França mestre da Nação Leão Coroado e mais tarde se tornou Pai de santo Dona Francisca de Iansã e Erasmo de Xangô respectivos Babalorixá e Yalorixá da rainha Elda, que em seus contos diz que foi o Babalorixá Eudes quem a ensinou o segredo do Ifá (primeiros passos do jogo de búzios no nagô), ela na época era professora e quando largava do trabalho ia para sua casa arrumava suas coisas e das 14 até as 17 h. se encontrava com seu avô de santo no palácio de Ogum na Rua 12 de Julho sede da nação do maracatu na ocasião. Mais a frente aprendeu o jogo do Jeje com o Tata Raminho de Oxóssi que é o Pai de santo do Mestre Chacon.
No site da Fundação Joaquim Nabuco podemos ver as fotos do arquivo de Katarina Real, a antropóloga americana que relata no livro Eudes, o rei do maracatu.
Katarina Real nos conta:
caravela “Santa Maria” (1967)
“Ao nos aproximarmos da sede do maracatu, encontramos uma multidão enchendo toda a rua defronte do prédio, e nos metemos na algazarra geral até avistar Eudes, como sempre todo de branco, rodeado de amigos e admiradores.”
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